Roubos de rua dobraram em relação a 2009. Delegada atribui aumento de assaltos à pacificação de favelas próximas
POR PAULA SARAPU
O DIA
Rio - O bucólico e turístico bairro de Santa Teresa sofre com o aumento dos roubos de rua, que quase dobraram nos meses de março e abril, em relação ao mesmo período do ano passado.
Para a delegada da área, Tércia Amoedo, não há dúvidas de que os assaltos no asfalto são reflexo da pacificação de favelas no entorno.
Largo do Guimarães é apontado como um dos principais pontos de assaltos a pedestres. Policiamento é insuficiente, dizem moradores Foto: Felipe O' Neill / Agência O Dia
Dados da 7ª DP (Santa Teresa) indicam aumento de 750% nos roubos de carros: em abril de 2009 foram apenas 2 casos, passando para 15 no mesmo mês deste ano.
Segundo a delegada, traficantes dos morros da Providência, na Gamboa, e Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, teriam migrado para comunidades da região.
“Os traficantes do Morro dos Prazeres dão abrigo aos criminosos de outras favelas, mas não dividem o lucro da boca de fumo. Por isso, os bandidos descem para roubar carros e assaltar pedestres.
O número de casos é pequeno diante de outras regiões, mas, pelo tamanho do bairro, deixa os moradores apreensivos.
Não queremos alarmar a população, mas a tendência é de crescimento.
Este mês, até o dia 5, já foram sete roubos de carros”, avisa Tércia Amoedo.
Assaltado por um homem armado há cerca de dois meses na Rua Monte Alegre, o tradutor Otávio Rezende, 56 anos, mudou os hábitos que o fizeram escolher morar em Santa Teresa há cinco anos.
Com a inauguração de novos hotéis e restaurantes, a expectativa, segundo ele, era a de que o bairro também ganhasse segurança.
“A gente vê polícia, mas também vê crime.
O bairro é ótimo, mas já não ando mais a pé à noite e prefiro pegar mototáxi no Centro para chegar em casa mais seguro”, lamentou.
Em sua página na Internet, a Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa lista assaltos em abril: um grupo de turistas no Largo dos Guimarães no dia 18; duas moradoras na Rua Cândido Mendes, dia 22; e duas mulheres na Rua Monte Alegre, dia 26. Outro caso foi o de um motorista que teve o carro roubado semana passada na Rua Costa Bastos, local de pouca iluminação.
“Não pode ‘dar mole’ em ponto de ônibus nem andar distraído na rua. Deixo meu celular em casa para não correr risco”, contou a doméstica Sônia Rodrigues, 46, que mora na Rua Almirante Alexandrino.
Turismo atrai bandidos de outras regiões
Segundo moradores, os pontos de maior incidência de assaltos são as escadarias de Santa Teresa, ruas de acesso como a Cândido Mendes e Paula Matos e locais de concentração de turistas, como o Largo dos Guimarães.
O aposentado S. R., 69, passa manhãs no Largo dos Guimarães.
“A presença do turista chama o ladrão. Já perdi a conta de quantos vi perderem a máquina fotográficas em plena luz do dia”, desabafa.
Para Álvaro Braga, 51, do Conselho Comunitário de Segurança, a violência é resultado de uma ‘combinação explosiva’:
bairro turístico e ‘refúgio’ de bandidos de comunidades pacificadas. “Sabemos que os bandidos estão aqui.
Também queremos uma UPP em Santa Teresa”, reivindica.
(Foto: Divulgação/SSP-RJ)
